segunda-feira, 28 de maio de 2007

Homicídio Culposo (Constructive Manslaughter)

Se deu conta do erro tarde demais. Não que houvesse se arrependido, não era o caso. Apenas o por quê havia se perdido. Ao descobrir a verdade, contando o que aconteceu ao confidente de velha data que esperava fascinar, percebeu que tudo havia sido em vão. O que era para ser nunca houve. Foi um erro, uma conta errada praticamente, ainda que estivesse lidando com palavras e a interpretação delas. Fez o que tinha que fazer com a informação que tinha na hora, e nem pensou muito antes de colocar em prática o que planejou. Usou o que tinha à sua disposição. Tinha dentro de si a vontade de fazer afinal, realizar algo para ele e seu confidente. Desejava mostrar-se a par dele, um igual. Isso era algo que lhe afligia. Achou que agora tivesse conseguido isso, mas fracassou e isso ficou claro no silêncio sem graça que acompanhou a explicação de sua falha retumbante. E a conversa que seguiu o silêncio, quando seu confidente tentou convencê-lo de que de certa forma havia no mínimo uma ironia nisso tudo e que a simples tentantiva já era um feito marcante, só fez diminuí-lo frente a ele. Sua posição era ainda mais inferior, ou assim a sentia. Ainda assim, estranhamente, não se arrependeu. E mesmo que tentasse, não conseguiria.

A ironia? A piada estava morta, ainda que sem querer.