quinta-feira, 13 de setembro de 2007

O velho............bum.

O velho tinha me falado para ocupar minha cabeça com qualquer coisa. Se tivesse a ver com a ação, pior. Mas era inevitável, dizia ele. O segredo era transformar esse pensamento em algo além, divagar mesmo, quase descontextualizar a idéia levando-a para longe do conceito original. Penso isso depois do processo mental ter se encerrado. Como a funcionalidade do procedimento do velho nada mais é que um ciclo de perda de tempo. Tempo que deve ser passado o mais rapidamente possível, pelo menos em minha cabeça. Sem questionamentos, sem pensamentos profundos ou indagações de última hora. Nem sequer uma busca de auto-afirmação que me relembre os motivos que me levaram a fazer isso. Nada que possa me fazer reconsiderar. Talvez o fato de eu estar pensando isso seja uma falha no processo mental que o velho me passou. Ou talvez esse questionamento tolo seja totalmente irrelevante e apenas mais uma divagação para passar o tempo e completar mais um inútil ciclo. É estranho como se pensa falando para alguém, como se meu corpo e meu cérebro ou alma fossem coisas diferentes. Isso deve ter a ver com cinema. Seria literatura, se eu tivesse lido mais. Mas minha referência é mesmo o cinema. Que é exatamente o assunto da divagação que se encerrou agora e que recomeça o ciclo. Mas será a mesma divagação? A anterior, que eu me lembre, era sobre...

(Cinema, morte, monumento, bomba, Pato Donald, McDonald’s, barcos gregos, Perseu...)

Ah, sobre a questão épica da minha vida, que explicava onde me encontro e coisa e tal, e por que eu nunca consegui pensar “menor”... Quase faço o sinal de aspas com as mãos na rua, ao pensar em “menor”... (Não devo parecer louco de maneira alguma, não aqui) Bem, de qualquer jeito a divagação anterior se encerrou numa ironia e é isso o que importa. Tudo bem que me sinto obrigado a outra vez esmiuçar tal ironia para que ela não me fuja no momento em que apenas vislumbrei-a. Nada como outro ciclo de perda de tempo. A ironia é que essa minha “epiques”, “epicidade”, essa minha característica épica, me aproxima do cinema americano. Nunca consegui entender como um filme chinês, francês ou iraniano possa retratar um cotidiano tão pequeno e encerrar uma história como se fosse mais um dia na vida da pessoa. Como? Como alguém se dispõe a escrever algo cujo mais importante acontecimento na história é um gatinho que morre, ou a perda de um sapato, ou uma viagem sem pé nem cabeça com personagens itinerantes e irrelevantes? Não há nada de errado com isso, veja bem. Eu adoro esses filmes. Mas talvez eu goste mesmo deles por ser algo tão distante do que sou. Como mostrar a vida de alguém por um período de tempo onde quase nada acontece e encerrar essa pequena amostra de maneira quase aleatória? Como se escreve tal roteiro? Você escreve sobre sua própria vida banal, ou sobre a banalidade de alguém que queira retratar ou pelo menos basear em várias banalidades e criar uma nova atmosfera banal? É possível criar banalidade enquanto processo mental, como se cria uma trama, por exemplo? Ou o cinema da banalidade é um exercício puro e simples de observação e sensibilidade de edição da vida real?

Realmente o processo do velho funciona. Funciona até quando há uma repetição quase perfeita do ciclo anterior. Não imagino quanto tempo tenha perdido nesses ciclos, mas foi o suficiente. Agora não há mais volta. Já acionei a bomba e tudo que me resta é rir da ironia. Talvez haja tempo para tentar redefinir a questão da ironia do épico hollywoodiano em contraste com o que sou e com o que estou fazendo agora, ao destruir algo tão importante para uma cultura que, de certa forma, modelou minhas ações, ainda que culpá-la por isso seja u... bum.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

uma flecha

o que é senão uma flecha?
que rompe, que queima,
que rasga a barriga,
abala os sentidos...
Que desorienta.
Que fere e é terna.

Eternamente flecha.
Fere e é tua.