sexta-feira, 19 de junho de 2009

Creare (ou o homem que reescreveu a bíblia)

Isso já aconteceu. Foi daqui a alguns milhares de anos. O homem sentou-se à frente de uma máquina que nos remeteria a um computador como os de hoje (muitíssimo mais evoluída, é claro) e pôs-se a redigir. Começou pelo fim, o Apocalipse. Mas parou. E como o mundo já tinha acabado, logo suprimiu este livro. Há quem dirá que neste momento pensou em desistir da empreitada. O fato é que a partir daí engrenou numa ininterrupta rotina de 100 dias e 100 noites (que naquela época equivaleriam a umas 50 semanas atuais), incessantemente debruçado sobre o que seria sua obra. A obra. O homem não levou nada à boca neste período, tampouco piscou os olhos ou sentiu cansaço. Só redigiu e redigiu. Isso já aconteceu. Foi daqui a alguns milhares de anos. O homem sentou-se à frente de uma parede que nos remeteria a uma caverna como as de hoje (muitíssimo parecida, é claro) e pôs-se a pintar. Começou pelo início, o Gênesis. Mas parou. E como o mundo não tinha começado, desfez o que já tinha sido pintado. Há quem diga que neste momento pensou em desistir da empreitada. O fato é que a partir daí engrenou numa ininterrupta rotina de 100 dias e 100 noites (que naquela época equivaleriam a uns 100 dias e 100 noites atuais), incessantemente debruçado sobre o que seria sua obra. A obra. O homem não levou nada à boca neste período, tampouco piscou os olhos ou sentiu cansaço. Só pintou e pintou. Isso ainda vai acontecer. Foi há alguns milhares de anos. O resto é a máquina indomada e a parede crua. E o entre.