quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Brindéias 0 - O Começo

Cansado de ter suas idéias genialóides roubadas pelo subconsciente coletivo, CB, que é muito mais você, resolve explanar logo o que pensa beneficiando diretamente a humanidade, infratora e antes desconexa, que iria posteriormente roubar da grande sopa o tempero que ele depurou. O pobre futuro sem-teto de posses espera que assim os aproveitadorezinhos baratos lhe dêem algum crédito e arquiva virtualmente a prova que um dia lhe renderá um processo de milhões de petrodólares sauditas. E frisa que os ladrões podem contar com ele para esclarecimentos e, quem sabe, parcerias no crime.

"De corpo infinito e mente aberta..." Quem miolou, entendeu.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

É chapa...

Eles eram muitos. Pelo menos dez. Tantos o quanto ainda se permite observar; de longe. Eram vivos e mostravam os dentes quando falavam. Reclamavam, basicamente. A platéia, pálida; sem vida, simplesmente olhava. O sol queimando seus olhos miúdos. Como um estouro, se espalharam por entre os carros. Bonecos de cera, tímidos, eram puro cenário por trás dos vidros. A onda revolta atingiu uma porta de alumínio, na calçada. Porta barata; podre. Um punhado deles entrou. Os que viam e apenas viam, se aproximaram uns dos outros, buscando falsa proteção. Boiada. Sofrimento coletivo é menos doloroso! Ação. Os dois ou três foram cuspidos pra fora do hotel de quinta. Mais dentes à mostra e gingas. Partículas vibrantes: volume; calor.

O cavalheiro do hotel de alumínio recebeu reforço do mecânico vizinho. Ele ganhou a rua, numa reta inconseqüente, armado de cabo de vassoura. Atingiu a barriga de um comprido, dobrando o inimigo e ganhando tempo pra se dar conta de onde estava. Arrependimento engolido, esperou, teso, quem quisesse o embate. Soco no peito, experimentou a lona quente da Rua das Laranjeiras. "Se pulou de cabeça, não tenta virar que é barrigada". Teimosia. De pé, mostrou que tinha o que faltava aos outros. O bolo vivo gargalhou, desconfiado, espalhou ameaças e se desintegrou aos poucos na maquete irregular. O guerreiro esperou, ofegante, o abraço da massa que, passado o terremoto, gritava palavras de ordem. Ele pegou o cabo de vassoura do chão como quem empunha a espada manchada de sangue e retornou, meio manco, para o interior da oficina. Não podia perder tempo: ainda faltava trocar o radiador do Toyota, e seu Ricardo era bravo...

Quem sabe...?

Hoje é dia de fazer nada.
Nada, nada, nada, nada.
Absolutamente nada.
Rien. Nothing. Coisa nenhuma.

Mas isso? Pode ser...

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Calorama

Nessa cidade de calor, abençoado, quanto menos roupa melhor. Porque menos é mais. E, às vezes, um pouco de água faz bem mais que bem. Bem demais talvez, não sei. Um pouco de praia também. Ou só resta esperar...

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

5:30 D.M.

5:30 da manhã é uma hora excepcional.
Ainda está bem escuro, o que já justifica o excepcional.
As poucas pessoas que andam pela rua se dividem em sobreviventes da noite anterior e recém-nascidos do novo dia. Mas é uma divisão sem rivalidade. Basicamente estão todos afundados na melancolia branda da manhã fetal. Indo ao trabalho, voltando pra casa, ou vice-versa, não importa. O silêncio melancólico traz segurança mesmo na escuridão e une as pessoas em uma espécie de comunidade efêmera e eclética, de olhares vagos, mas confiados. Há um indisfarçável lirismo no ar, ainda que os rostos arriados muitas vezes não o percebam. Se levantados, veriam em sua forma mais explícita o que se compreende por profundidade. Profundidade no sentido de intensidade prospectiva...(pausa de duas horas)... como se houvesse outro sentido, babaca. O lirismo acabou, são 8:40 e tá um sol escroto. Cansado pra caralho e vergonha desse textículo metido à besta de merda. Acabou o carnaval, recomeça a vida profissional e o namoro policial. E daí? Foda-se. Amanhã vai ter cinquemeia de novo pra todo mundo se achar poetinha vagal e olhar os fodidos trabalhadores e fodidos bebuns e fodidos os dois e caprichar na liricada. Chega. Só resta a copacaverna do Fausto Fawcett nos fundos do Cervantes pra tomar mais umas ampolas até às 11 e se perguntar o que diabos aconteceu nessa noite inútil. Ou nem isso... sonhar com zumbis mesmo.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Haicai desta quarta

O sol é cinza
Nova, a lua hoje
de mar precisa.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

De confetes, serpentinas, beijos de cerveja e abraços no mundo

É festa!!!
A maior.

- Meu amor?
- Oi.
- Tô indo atrás daquele bloco...
- Ahn??
- Não liga, não... Quarta-feira eu volto...

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

K.F.C.

As mãos enrugadas pareciam vindas de outras experiências. Coisas que não podemos classificar. Elas tremiam como que buscando espantar insetos que lá não estavam. Seu rosto curvado mirava o chão à procura de pegadas de outro tempo. Inerte, ele vivia aquele momento, com presença. Talvez até maior que a dos jovens que por lá passavam.
Pescou o objeto fazendo da mão uma bola dentro do bolso. Abrindo as garras logo se viu o brilho do vidro. Surgiu a pulseira e lá estava o relógio. Ele tinha o tamanho errado para aqueles olhos cansados. Qualquer outro relógio de qualquer outra pessoa naquela sala teria pelo menos o dobro do tamanho.
Observado pelos destroços de frango que jaziam à sua frente, ele pinçou o pequenino botão. Num giro seguro, coreografou os ponteiros numa perpendicular perfeita: 9:00. Quem sabe, um compromisso perdido; uma regra cumprida à exaustão; um adeus tocante; ou a simples lembrança da hora do lanche no colégio de padres. O relógio da parede colorida da lanchonete marcava 11 e pouco. Era hora de ir pra casa. A chuva poderia voltar ainda mais forte que antes.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

A vida adulta é uma creche de malandros.