quarta-feira, 4 de abril de 2007

Um pôr-do-sol e um não-beijo.

O vento frio recomendava um abraço, que não veio. A ocasião era a mais apropriadamente romântica: um cruzeiro nas ilhas, enquanto o sol se cobria de Egeu. Ele queria, ela podia, ele não. Tinha mulher e filho pequeno no mesmo navio e uma consciência devastada pela culpa do fracasso do casamento anterior. Mas era linda a mediterrânea, cheia de gestos que o distraíam de tudo, ou quase. E naquele momento, pareciam suficientes. Sabia que não seria somente um beijo e não se apressou. Uma mulher que mostrava saídas. Conhecia-a há dois parcos dias e já se acreditava apaixonado. No momento seguinte, julgava-se louco e recobrava a razão. O ar gelado deixava suas bochechas morenas quase rosadas, adoçando ainda mais aquele sorriso teimoso. Nada poderia pará-lo agora; a mulher mais charmosa no ambiente ideal: um conto de fadas imerecido, pensou. Sorriu mais candidamente, imaginou um passo à frente e voltou. A moça, coitada, não entendeu, mas o sol já tinha se posto.

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